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Nos diferentes estatutos que regem as diretrizes de funcionamento das grandes cidades brasileiras, é recorrente encontrarmos como definição de seus objetivos um conjunto de normas que garante ao cidadão o direito de acesso à cidade e à cidadania e a participação na gestão democrática como garantias da função social própria ao que é urbano. Esse direito à cidade, expresso na sua função social, é extensivo a toda a população e propõe como condições: terra urbanizada, moradia, saneamento ambiental, infra-estrutura, serviços públicos, transporte coletivo, acessibilidade, trabalho e lazer.
Ocorre, no entanto, que a realidade brasileira de uso e ocupação do solo em ambiente urbano, não acompanhou, todas as grandes transformações ocorridas nos últimos 50 anos. Nos anos 1940, início de nossa industrialização, a população urbana representava apenas 26% do total, ou, 18 milhões de brasileiros. Passadas seis décadas, no ano 2000, esse contingente saltaria para 81%, o equivalente a 138 milhões de pessoas residentes nas cidades do Brasil. O êxodo rural que implicaria a origem da transição de uma economia agrária para as bases industriais de nosso desenvolvimento, prosseguiu por anos a fio e estima-se que entre 1960 e 1970, 30 milhões de brasileiros tenham migrado do campo para as cidades, pela falta de oportunidades no trabalho e em busca de melhores condições de vida, desafiando todas as dificuldades sociais e carências de infra- estrutura que adviesse desse adensamento populacional.
Nesse contexto, o SESC São Paulo tornou-se protagonista de uma experiência sociocultural muito relevante. Criada em 1946, como uma entidade de serviço social mantida por empresários do comércio e prestação de serviços, tinha, desde então, o compromisso original de promover lazer e prestar serviços de nutrição e saúde aos trabalhadores de baixa renda do segmento comercial e de serviços e, seus familiares. Com atuação muito identificada aos valores populares, o SESC acompanhou as grandes transformações sociais e culturais do país, procurando flexibilizar seu atendimento, ampliando parte de seus serviços à atenção de outros segmentos da sociedade e consolidando, com eficiência, espaços e equipamentos prioritários na relação educativa estabelecida com o público. Com o princípio de promover melhor qualidade de vida por meio do desenvolvimento e do bem estar, o SESC São Paulo têm empreendido, desde a década de 1970, um plano de expansão física, para implementar melhor seus programas de saúde, cultura e lazer. Com espaços concebidos arquitetonicamente para essa finalidade, tem contribuído para maior visibilidade e reconhecimento de sua política de ação, configurada por meio de seus 31 Centros Culturais e Desportivos no Estado e Capital.
Nesse sentido e de modo geral, a característica mais evidente na arquitetura e instalações dos equipamentos SESC está expressa na ruptura com o mundo do trabalho e das obrigações cotidianas, rupturas com o chamado tempo industrial produtivo e, com os conceitos de rendimento do caráter utilitário da vida. Assim e em contrapartida, a pedagogia dos espaços SESC está em sintonia com o jogo e a ludicidade, as relações sociais descompromissadas e baseadas na convivência, o desfrute do tempo livre e de processos educativos mais espontâneos e com maior liberdade.
Nos próximos anos, a entidade inaugurará mais oito novas unidades, colaborando na vitalidade urbana e na configuração de bairros, alguns em processo de esvaziamento, principalmente nas áreas centrais da metrópole paulistana. A cada nova unidade, a entidade reitera o modelo de atendimento social baseado na qualidade e no respeito aos cidadãos, ampliando a capacidade de acolhimento dos diferentes segmentos da sociedade. Com isso, multiplicam-se os efeitos educativos gerados no contato da população com as instalações, resultados fundamentais e assertivos no processo concebido e desejado pelo SESC SP. Contribuindo para o desenvolvimento local, seja no interior do Estado ou na Capital, cada novo centro cultural e desportivo assegura o papel educativo que a entidade tem diante da complexa realidade brasileira e, como é possível estar em sintonia com os princípios de humanização de que dependem as atuais relações de cidadania.
O SESC SP defende, que o impacto positivo decorrente da interação do público com um equipamento com as qualidades assinaladas gera importantes frutos, pois, o valor arquitetônico agrega-se aos princípios da ação social e, unidos, reiteram as possibilidades de uma cidadania democrática a ser exercida, tanto pelos freqüentadores, quanto pela própria instituição. Nos equipamentos, que chegam a atender 10 mil pessoas ao dia, não há conflitos. O SESC adota na referência ao atendimento sociocultural que toda instituição com missão educativa deve estabelecer uma relação de valorização de seus usuários, oferecendo bons conteúdos em atividades, instalações impecáveis e atendimento de qualidade. Quando há respeito e consideração, sem distinção, podem-se esperar, invariavelmente, atitudes recíprocas de satisfação e respeito mútuo.
Com grande parte dos objetivos voltados à mediação para a transformação social, a inclusão, o desenvolvimento e a criação cultural, o SESC São Paulo garante melhores possibilidades para a vida urbana e o cotidiano atual e futuro das cidades.
Apresentação de Danilo Santos de Miranda* com apoio da Assessoria Técnica e de Planejamento do SESC SP
* Diretor Regional do SESC no Estado de São Paulo é conselheiro do MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo, da Fundação Itaú Cultural, do MASP – Museu de Arte de São Paulo e do Art for the World – Suíça. Foi presidente do Conselho Diretor do Fórum Cultural Mundial/2004, em São Paulo. É membro da TAFISA e da Federação Panamericana de Esportes para Todos; atua como integrante do CONSEA - Conselho Nacional de Segurança Alimentar, participando, ainda, da diretoria do International Institute for Cultural Enterprise de New York. É o presidente regional - América Latina e Caribe - do ICSW (International Council of Social Welfare) e presidente do comissariado responsável pelo ano França - Brasil, em 2009.